16 abril, 2012

Inglês para profissionais na mira da mídia

Reportagem do Correio Braziliense em 25/03/2012

"Já faz tempo que o domínio de uma língua estrangeira ganha destaque na hora de montar o currículo. A fluência ou não, aliás, pode ser determinante para contratar ou eliminar o candidato. Mas saber se virar em outro idioma tem sido insuficiente em muitos casos. Por isso, de acordo com representantes de escolas do setor, cresce a procura por cursos, especialmente de inglês, que oferecem aulas voltadas para a área de atuação profissional.


Há 11 meses numa multinacional da área farmacêutica, o representante comercial Rafael Lopes da Silva, 29 anos, conta que a necessidade de dominar o vocabulário do mundo dos negócios em inglês veio com urgência. “Eu já havia estudado a língua antes, mas não tinha o foco na minha área de atuação”, explica o jovem, que decidiu fazer um curso que ensina a se portar em reuniões de trabalho, escrever e-mails e fazer contatos profissionais. “Dependo dessa capacitação para tentar ser promovido”, avalia.

Outros profissionais têm interesses semelhantes aos de Rafael. Oferecido há dois anos pela Casa Thomas Jefferson, o Legal English, inglês voltado para a área jurídica, está sempre com turmas cheias. “Quem procura esse tipo de curso quer se diferenciar pelo conhecimento do jargão profissional”, comenta a coordenadora acadêmica da escola, Isabela Villas Boas.

Advogado da União lotado no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Caio Barbosa participa de uma das turmas de inglês jurídico. “É um vocabulário que não tem a ver com aquele que estamos habituados a usar no cotidiano.” Como lidam com temas globais e documentos internacionais, ele e seus colegas decidiram buscar o curso para se aprofundarem na língua. “Um curso como esse demanda muita atenção e esforço, já que, a cada aula, aprendemos uma enorme quantidade de conteúdos, mas já me sinto mais à vontade com os textos e resultados de pesquisa em inglês.”

Apesar de menos expressivo, o interesse por cursos específicos em outras línguas também aumenta. Diretor pedagógico da rede de escolas CNA, Marcelo Barros fala que já existe procura por cursos de espanhol para negócios. “Em cidades como São Paulo, essa tendência é consolidada”, afirma. Em Brasília, a situação é diferente. Tanto no hispânico Instituto Cervantes quanto no centro de língua alemã Goethe, a demanda de alunos ainda não permite a formação de novas turmas.


Diferencial na agenda  -  e no currículo

Pela pouca quantidade de pessoas que dominam o vocabulário estrangeiro específico da área em que trabalham, esse conhecimento é considerado um diferencial pelas empresas. Segundo a coordenadora de recursos humanos Fabiane Cardoso, os candidatos que trazem tal bagagem no currículo ganham um impulso na hora da contratação. “Conhecer o jargão da profissão não é exigido pela maior parte das empresas, mas elas querem que o funcionário tenha desenvoltura para usar a língua estrangeira no ambiente de trabalho”, diz Fabiane.

A procura, contudo, muitas vezes não parte apenas do profissional. É cada vez mais comum as empresas buscarem capacitação para seus funcionários. Um exemplo é a turma de business english da Casa Thomas Jefferson oferecida dentro da Embaixada do Reino Unido. “São alunos que já têm um nível altíssimo de inglês, mas querem aprimorar esse conhecimento, especialmente na área de atuação”, indica a coordenadora acadêmica Isabela.

Graças à iminência da Copa do Mundo e das Olímpiadas no Brasil, essa iniciativa das instituições para qualificar suas equipes se fortaleceu nos últimos dois anos. Especialmente quando se trata de setores ligados ao turismo, como o hoteleiro e o gastronômico. “Os empregadores despertaram para a importância desse tipo de especialização e perceberam como pode trazer benefícios aos negócios”, afirma a professora de inglês instrumental Tânia De Chiaro. Mestre em educação, ela acaba de lançar o livro Inglês para Restaurantes pela editora Disal. Com 20 anos de experiência ensinando o idioma para funcionários de hotéis e restaurantes (leia Palavra de especialista), Tânia diz que existe uma defasagem entre o profissional que as empresas querem e o que chega para trabalhar. “Por isso, é tão importante que os contratadores tentem munir suas equipes com esse conhecimento”, explica."

Nenhum comentário: