23 setembro, 2010

Como (não) se aprende uma língua estrangeira

Alguém já tentou aprender uma segunda língua em algum curso livre (que não é escola regular) e acabou desistindo, porque mesmo depois de um tempão mal conseguia se comunicar? Pois é, aposto que muita gente levantaria a mão a esta pergunta. Isto porque muitas escolas ainda utilizam métodos que se baseiam em estruturas gramaticais isoladas ou frases prontas fora de contexto, ou seja, sem aplicação em situações de uso real. Para a Lingüística Aplicada*, é justamente por isso que tantos aprendizes gostam de usar a internet, músicas e filmes para ajudá-los a aprender outra língua.
Embora cursos completos de línguas não sejam a área de atuação da Usina Eólica, em nossos programas voltados para o setor de serviços o participante é inserido em situações possíveis de seu cotidiano profissional, quando ele(a) precisará usar toda sua capacidade para atender o cliente da melhor forma possível, independente de seu estágio de conhecimento em língua estrangeira. Praticando antes com nossa assessoria, haverá maior tranquilidade para resolver certas questões no dia a dia, mesmo para alguém com conhecimento básico.
Abaixo, coloco um trecho da crônica “Lições Modernas” do ótimo Luis Fernando Veríssimo que critica essa abordagem “perdida” com humor inteligente. Espero que se divirtam!

“(...) Cena: Um bar sombrio. Homens mal-encarados, prostitutas, etc.. Pela porta entra um homem vestindo um impermeável. Ele olha para todos os lados antes de dirigir-se para o balcão. Fala ao Barman com o canto da boca.

Homem – Je suis Monsieur Dupont.

Barman – Bonjour, Monsieur Dupont. Comment allez vous?

Monsieur Dupont – Bien, merci.

(Puxa o Barman para si pela frente da camisa e pergunta): Ou est la plume de ma tante?

Barman (confidencialmente) – La plume de votre tante est sur la table. Música de suspense. Monsieur Dupont solta a camisa do Barman e olha em volta ameaçadoramente. Depois aproxima-se de uma mesa onde está sentado um casal. As pessoas afastam-se para dar passagem a Monsieur Dupont.

Monsieur Dupont – Qu’est que c’est ça? Est-ce que ça est une table?

O casal se entreolha. O homem ergue-se da mesa, encara o homem do impermeável e diz:

Homem – Oui, ça est um table.

Mulher – Ou oui, c’est une table.

Monsieur Dupont não dá atenção à mulher. Agarra o outro pelas lapelas.

Homem – Est-ce que la plume de ma tante est sur la table?

Homem – Non, la plume de votre tante n’est pás sur la table.

Monsieur Dupont (sacudindo o outro) – Ou est la plume de ma tante?

Mulher (tirando uma caneta de dentro do deconte) – La plume de la tante de Monsieur Dupont est ici.

Os dois homens se viram para ela, intrigados. Há um misto de surpresa e dor no rosto do segundo homem. Neste momento, entra no bar um casal com uma criança. Homem que acabou de entrar (para o Barman) – My name is Mr. Brown.

Barman – Hello, mr. Brown. How are you?

Mr. Brown – Fine, thank you. This is Mrs Brown.

Barman – Hello, Mrs Brown.

Mrs. Brown (piscando um olho sugestivamente para o Barman) – Hello! Mr. Brown (mostrando o garoto) – And this is our little boy, John.

Barman – Hello, John.

John – Where is the pencil?

Barman (indeciso) – The pencil is on the table…

O garoto dirige-se para a mesa. O murmúrio percorre o bar. Uma mulher leva a mão ao pescoço.

John – Is this a table?

Homen (irritado) – Oui, ça c’est une table.

John (apontando para a caneta da mulher) – Is this a pencil?

Monsieur Dupont (afastando o garoto violentamente)

- Non, ca c’est la plume de ma tante.

Mr Brown corre para socorrer o filho. Mrs Brown, indiferente, pede um gim fizz.

Mr. Brown (desafiando Monsieur Dupont) – This is a pencil.

Monsieur Dupont – Ça n’est pas un crayon. C’est la plume de ma tante.

Mr. Brown – This is a pencil!

Os dois começam a brigar. O conflito alastra-se. Todos Brigam no bar. (...)”

Nonsense? Então que tal refletir... Será que não está na hora de aproveitar esse vento da oportunidade e transformá-lo em mais energia?
Um grande abraço!


* Para quem quiser saber mais sobre este assunto no campo enorme de conhecimento que é a Lingüística Aplicada, este post foi baseado no seguinte artigo da Profa. Vera Menezes: http://www.veramenezes.com/lingenero.htm